23 de jun. de 2008

Tolerância zero

Bem que a gente tenta manter a calma e ser legal mas tem hora que só apelando pra ignorância mesmo.

Eu sempre acordo bem, tomo um banho revigorante e vou pro trabalho. No caminho vou sentindo o sol e a brisa na pele, pensando nos compromissos que tenho a cumprir e nos desafios que terei que enfrentar - e vencer. Sigo sorridente e aberta para as emoções do novo dia.

Aí entro na padaria, bar, boteco, ou o que o valha e peço um café, um simples e bom café. E nesse momento meu bom humor começa a se desvanecer.

Ora, o que é um café? Todos sabem - ou deveriam saber - que café é uma mistura de pó de café, água e às vezes açúcar. Vivo no Brasil (supostamente a terra do café) e por isso imagino em minha santa ingenuidade que se estou num estabelecimento que serve café, o balconista - mesmo que não tenha uma cara lá muito inteligente - deve saber o que é um café.Parto do pressuposto que se ele atende centenas de pessoas por dia pedindo café deve saber do que se trata, e é aí que eu caio do cavalo e meu humor matinal sofre um abalo considerável, porque não tenho muita paciência pra explicar coisas que pra mim parecem óbvias.

Chego e assim que o balconista se aproxima peço:

- Um café, por favor.

Ainda não descobri que insondável mistério se esconde por trás dessa tão singela e simples frase, porque pra mim seu sentido parece claro como água - ou como café.

O fato é que o balconista, com aquele ar de indiferença que lhes é peculiar, bota à minha frente um copo de café com leite.

Olho enojada e minha primeira reação é fixar aquela mistura repugnante como se eu tivesse super-poderes para desintegrá-la tal qual nos filmes de ficção. O balconista às vezes nota minha tentativa vã de eliminar a medonha mistura, noutras tenho que chamá-lo de volta:

- Pedi um café.

Ele me olha como se eu falasse um dialeto só conhecido por monges tibetanos ou como se eu fosse uma lunática que acabara de descer de um OVNI ou algo assim. Portanto explico, apontando pra horrenda mistura onde já nadam algumas natas:

- Isso não é café.

- É café com leite - me explica ele, como se falasse com um retardado mental.

- Eu pedi leite? Se eu quisesse leite pediria café com leite. Acontece que eu só pedi café.

Outras vezes, antes mesmo de servir, começa o festival de perguntas idiotas:

- Um café, por favor.

- Puro?

- Não, com açúcar.

- Não, com pinga.

- Não, um bem pecador. Pureza não me atrai, prefiro devassidão.

Às vezes mudam a pergunta e fica pior:

- Um café, por favor.

- Preto?

- De que cores vocês têm?

- Não, rosa choque com listras douradas.

- Não, louro de olhos verdes.

Perguntas desse tipo chateiam porque se eu pedi um café é exatamente o que eu quero. É claro que é preto, mesmo porque não conheço café de outra cor; claro que é puro, se eu quisesse misturado com farinha, ovos, ou seja lá o que for, pediria dessa forma. Esse tipo de pergunta faz com que haja cada vez mais e mais seguidores do Saraiva, saudoso personagem do programa Zorra Total.

A cada dia ele ganha novos seguidores, como me conta uma aluna. Ela viajava a uma cidade, cujo nome não conseguiria me lembrar agora nem que disso dependesse minha sanidade mental, e desceu numa dessas paradas à beira da estrada. Entra numa lanchonete e pede à garçonete:

- Um pão de queijo, por favor.

Essa, com uma desfaçatez de que só os pobres de espírito são capazes, pergunta:

- Do normal?

Ora, se há mais de um tipo à venda ela teria (pelo menos teoricamente) obrigação de explicar. Mas alguns atendentes têm essa mania de nos sonegar informação, na certa para nos obrigar a fazer perguntas que seriam absolutamente dispensáveis, e que podem nos expor a uma situação ridícula ou de ignorância absoluta. Como se alguém tivesse a obrigação de saber que variedades de pão de queijo são vendidas na espelunca onde ela trabalha.

Assim também lhe pareceu à minha aluna, que demonstra sua irritação na resposta atravessada:

- Não, quero um daquele que bate palmas.

(por Zailda Mendes)

Empresas de telefonia celular burlando a lei

Segundo a nova lei de telefonia celular - que já está em vigor - as empresas não podem cobrar para desbloquear o seu celular, ou seja, não cobram nada para fazer aquela operação que disponibiliza seu aparelho para usar um chip de qualquer operadora e assim optar por aquela que estiver lhe dando mais vantagens no momento.
Imagino que se o celular é seu, pois foi você que comprou com seu dinheiro, tem todo o direito de usar seu aparelho com qualquer operadora que escolha - e assim também entenderam os legisladores, vai daí criaram a lei.
Mas qual não foi minha surpresa ao habilitar meu celular e ouvir uma gravação que me informava que eu tinha adquirido o aparelho com desconto (desconto? Qual desconto?) devido a um contrato entre mim e a operadora - que estava disponível no site da mesma caso eu quisesse ler - segundo o qual eu me comprometia a não pedir desbloqueamento do celular nos próximos 12 meses, caso contrário eu teria que pagar uma multa.
Fiquei imaginando que (por pura coincidência, claro) a multa deve ter um valor igual ao que eu pagaria se fosse desbloquear meu celular antes da lei entrar em vigor.
Agora eu pergunto: isso não é uma safadeza? Que contrato é esse que eu nem assinei e nem ao menos fui informada de sua existência antes de comprar? Isso pra mim é uma forma de cobrar a tal taxa que cobravam antes. Só que agora alegam que deram um desconto - do qual não fui informada antes - e se eu quiser desbloquear o celular tenho que pagar uma multa.
Pra mim tanto faz se o nome é "taxa de desbloqueamento" ou "multa por desbloqueamento antes do prazo previsto em contrato". O fato é que para desbloquear um celular, ou você espera 1 ano (o que pra mim é uma restrição ilegal de minha liberdade de fazer o que quiser com o aparelho que comprei) ou tenho que pagar da mesma forma que antes para desbloquear.
Quando a gente compra um aparelho de TV, por exemplo, tem o direito de assistir qualquer canal sem ter necessidade de desbloquear porcaria nenhuma, ou de contratar qualquer serviço de TV por assinatura sem ter que pagar multa por droga de contrato nenhum. Mas se você compra um celular, a conversa é outra: se quer contratar o serviço de outra operadora com seu aparelho legitimamente adquirido, tem que pagar!
A lei fica muito bonitinha no papel, mas como muitas outras no Brasil, sempre há um jeitinho de trocar o nome do procedimento e cobrar do mesmo jeito.
Como diria o Jô Soares, estão me fazendo de palhaço!

(zailda coirano)

21 de jun. de 2008

Rapto de bebê

Essa semana uma mulher disfarçada de enfermeira raptou um bebê de 3 dias em Brasília. Felizmente ela foi presa quando tentava devolver o bebê e justificou-se dizendo que cometeu o crime porque havia perdido um filho e ficou com medo do marido abandoná-la.

Ora, para mim isso é um indício de desequilíbrio mental ou de inadequação social. Imagine se tudo o que perdemos, pensarmos em tomar de outra pessoa para ficar no lugar. Se eu perder meu emprego, por exemplo, vou ao banco e cometo um assalto, se for pega me justifico dizendo que como perdi o emprego, fiquei com medo de meu marido me abandonar e por isso fui pegar o dinheiro do banco.

Para mim isso é indício de que essa mulher é uma sociopata, pois pra ela suas necessidades estão acima de tudo: acima das leis, da dor da mãe ao perder um filho raptado. Para essas pessoas os outros seres humanos são apenas sombras, nunca se preocupam com o mal que possam estar causando e nada os detém quando querem alguma coisa.

O que me deixa perplexa é saber que mesmo depois de tantos casos de raptos de bebês os hospitais não tenham o mínimo de segurança, qualquer pessoa pode entrar como e quando quiser e sair levando bebês sem que ninguém dê pela coisa. Em minha opinião, quando algo assim acontecesse (e espero que nunca aconteça) o hospital teria que ser responsabilizado e condenado a pagar uma indenização aos pais do bebê, mesmo se o caso fosse resolvido e o bebê devolvido.

Com certeza, doendo no bolso do dono, em breve os hospitais tomariam providências para se equipar de meios para impedir que raptos acontecessem, porque a contínua repetição do mesmo tipo de crime em nenhum momento sensibilizou a ninguém e quando ocorrem o hospital se exime de qualquer responsabilidade.

20 de jun. de 2008

Pedofilia - crianças que sofrem abuso contraem DST

Muitas vezes acontece de as crianças vítimas de abuso sexual contrairem doenças venéreas, algumas até precisam submeter-se a procedimentos cirúrgicos porque seu corpo ainda não está maduro para combater as doenças.
Enquanto isso crescem assustadoramente as denúncias e a lei ainda é muito branda: quando o abuso é cometido por algum familiar, é necessário que alguém da família registre a ocorrência, ou nada pode ser feito contra ele.
Infelizmente muitas mães ainda se calam mesmo sabendo do abuso que ocorre dentro de suas próprias casas, muitas vezes por medo do pedófilo (freqüentemente o marido, pai da abusada), medo de represálias ou de perder o marido.
Sinceramente não sei o que leva uma mulher a permitir que isso aconteça dentro de sua própria casa, que se negue a proteger filhos e filhas menores de sofrer um abuso que provocará um trauma pelo resto da vida, e ainda por cima continuar convivendo com monstros como esses, que nem sequer deveriam ser considerados humanos.
Aconteceram na região onde eu morava casos em que o marido começava a abusar das filhas aos 2 ou 3 anos, ia se aproveitando de todas, engravidava-as e a esposa e mãe ainda ajudava a criar a criança.
Acho que tudo é uma questão de valores: o que é mais importante? A saúde mental, emocional e física de meus filhos ou o meu conforto de ter um marido (?) e ser por ele amparada monetariamente?
No meu caso eu não me importaria nem de passar fome, se fosse para salvar minha filha das garras de um monstro desses. Eu me recusaria a ficar sob o mesmo teto que esse ser que eu considero abaixo dos cães, porcos e tudo que é imundo.

(zailda coirano)

Marginal espanca velhinha

Recentemente um vídeo de um espancamento em Sorocaba (veja postagem anterior) provocou indignação não só dos internautas, como da sociedade em geral. Acho que todos nos colocamos no lugar do rapaz espancado, e principalmente no de sua mãe, que deu várias entrevistas na TV. O rapaz de Sorocaba sofreu várias fraturas no crânio e na face e está em coma.
Agora esse vídeo de um marginal espancando uma pobre e indefesa velhinha pra roubar também causa indignação, e se fosse a mãe dele?


13 de jun. de 2008

Chocante - espancamento em Sorocaba

Impressionante o vídeo do espancamento de um metalúrgico na frente de uma boate em Sorocaba. Ele é agredido covardemente e de forma brutal por 10 covardes e com requintes de crueldade que a gente só vê mesmo no cinema (mas sabe que é ficção). O último agressor chuta a cabeça do metalúrgico várias vezes depois que ele já está desmaiado e chega ao cúmulo de pular várias vezes em cima de seu rosto.
O segurança da boate assiste sem interferir ou prestar socorro, que só chegou depois de 14 minutos. O rapaz chegou ao hospital em coma e seu estado é grave.


9 de jun. de 2008

Que os diabos levem as mocinhas das novelas

Eu não assisto novela (graças a Deus!) mas já andei acompanhando muitas, antes de desistir de gostar delas.

O que me chamava a atenção era a luta entre os vilões e os mocinhos, uma luta desigual, que prendia nossa atenção do começo ao fim do desenrolar (?) da trama.

A mocinha é sempre aquele ser suspirante e soluçante que se debate em seus eternos conflitos morais, que não sabe se assume a paixão pelo mocinho ou se cuida da tia doente.

Sua insegurança faz com que veja todos os defeitos no mocinho (um mulherengo, irresponsável, etc) e não enxergue as notórias deturpações de caráter da maligna rival, a vilã.

O que diferencia a vilã da mocinha é que a vilã sabe o que quer e luta com todas as armas, enquanto a mocinha chora e dá ouvidos a todo tipo de fofoca absurda, ela se atira nos braços do mocinho, quase esfregando sua sensualidade em sua cara. Frequentemente ele é seduzido por ela, engravidando-a e ela se aproveita pra transformar sua vida num inferno.

A mocinha, ser sem forças morais nem físicas, faz tres coisas, fundamentalmente: 1) chora; 2) desmaia; 3) sucumbe às chantagens sentimentais da família. A sorte é que tem sempre uma amiga, muito mais esperta que ela, que a impulsiona pra brigar com a rival.

O mocinho, outro fraco de caráter, acaba escolhendo a mocinha por ser mais prático. Não é suficientemente seguro de si pra encarar uma mulher muito mais esperta que ele, e enquanto sua queridinha cai pela milésima vez nas armadilhas da inimiga (uma burra, essa mocinha!) ele se debate entre a fragilidade de sua amada e a exuberância da vilã.

Pra mim que a vilã é muito mais interessante, mulher com seus conflitos internos resolvidos, em paz com sua sexualidade, que batalha pelo que quer. A mocinha é toda dúvidas, toda insegurança, toda ingenuidade. Ingenuidade tanta que beira à burrice, que chega a dar raiva.

Protesto, pra mim que pelo menos uma vez o mais forte tinha que vencer, pra mim é um preconceito bobo o "bem" vencer sempre. Por que só os fracos podem chegar lá? Sem luta, sem mérito, sem qualidades morais pra isso?

Ah, eu levanto minha bandeira em defesa dos fortes e opressores. Os fracos e oprimidos que se danem, que aprendam a lutar! Chega de heroínas fracas, chorosas, crédulas! Que elas sejam daqui pra frente inteligentes, sensuais, decididas, que saibam o que querem, pelo amor de Deus! Que parem de sucumbir às armações das vilãs e que não se deixem levar pelas fofocas das mal-amadas!

Que sejam mais parecidas com as mulheres reais, as batalhadoras, que tenhamos um mínimo de pontos comuns, algo que nos identifique com elas, que as faça mais reais e próximas de nós.

(escrito por Zailda Mendes)

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