25 de jun. de 2009

Lei antitabagista - o fumante paga o pato


A lei

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a lei de autoria do governador José Serra (PSDB), que proíbe os fumantes de fumar em ambientes coletivos fechados, públicos ou privados, em todo o Estado.

O prazo para que a lei entre em vigor foi de 90 dias. Nesse período, o governo terá como objetivo fazer campanhas educativas.

Locais proibidos

Fica terminate proibido fumar em bares, restaurantes, áreas comuns de condomínios e hotéis, em táxis e carros oficiais. A lei veta até os fumódromos de empresas privadas e proíbe o uso também de cigarrilhas, charutos e cachimbos. O fumante que desejar fumar, deverá estar ao ar livre.

Punição pelo não cumprimento da lei

A responsabilidade pelo cumprimento da lei será das empresas e instituições, que poderão até perder a licença de funcionamento, para quem não cumprir a lei, a multa pode chegar a um valor estimado de até R$ 3,2 milhões. Não há punição prevista para o fumante.

Exceções

Ficam liberados da restrição apenas estabelecimentos destinados ao fumo, como charutarias, locais de culto religioso em que o fumo faça parte de algum ritual e instituições de saúde em que haja pacientes autorizados por seu médico a fumar.


Dois pesos e duas medidas

Enquanto traficantes e usuários de drogas circulam livremente e fazem uso de crack e afins na já mais que manjada "cracolândia" e a polícia faz vista grossa, surge essa lei para "punir" o fumante pelo seu vício. Inclusive a lei dá o direito ao dono de um estabelecimento de chamar a polícia caso alguém acenda um cigarro, assim como se o mesmo sacasse um revólver. Mas sacar um revólver é um pouco diferente de acender um cigarro, ou será que não?

Dessa forma o fumante fica relegado a fumar quase que exclusivamente na rua ou no sagrado recesso do seu lar. Beber pode, claro. E aí mais uma vez se mostra a hipocrisia da lei. Beber pode, fumar não. Será que o álcool provoca menos prejuízo que o fumo?

Eu sou professora e nem me passa pela cabeça colocar em prática isso na realidade, mas se eu fumasse um cigarro após outro na sala de aula (mantendo as janelas abertas), ao final eu ainda seria capaz de dar a aula, mesmo se fumasse um maço inteiro. Mas fosse tomar uma caipirinha após a outra para ver o resultado. Ou fumar um baseado após outro.

Aliás baseado acho que pode, tem médico receitando maconha para prevenir osteoporose, eu já passei dos 40 faz tempo e como mulher estou no "grupo de risco" - está na moda esse negócio de grupo de risco. Então se eu for a um médico desses moderninhos, que receita o cigarrinho do capeta contra o mal, será que eu poderia fumar um baseado com receita médica?


Comerciais

Há muito tempo os comerciais de cigarro foram proibidos na TV, mas de cerveja pode. E com mulher-objeto, esculhambando com a figura feminina também pode. É politicamente correto incutir na cabeça de nossos jovens que tomando cerveja vai ter acesso a mulheres como aquelas ou será que tem mais coisa embutida nesse saudável "exemplo"? Mais uma vez a hipocrisia, se comercial de cigarro não pode porque dá mau exemplo, de cerveja também não pode, ou será que alcoolismo é "menos ruim" que tabagismo?

-Ah, mas cigarro provoca câncer...

Grande coisa, carne de boi marombado também provoca câncer, sol em excesso provoca câncer, tirar radiografia provoca câncer... será que idiotice também provoca câncer?


Mais realista que o rei

Acho que isso é tudo pra inglês ver, temos crianças cheirando cola e vivendo (e também morrendo) na rua, mas não temos fumantes em locais públicos! Temos livre comércio de drogas na cracolândia e nem adianta chamar a polícia, mas ai do fumante que acender um cigarrinho em local público! Nossos policiais não dão nem conta de prender os bandidos que assaltam livremente na cidade de São Paulo, como na Ladeira da Memória onde os passantes são abordados por dois ou três de cada vez, mas terão que atender caso alguém acenda um cigarrinho em local público!

Já perdemos a conta de quantas CPIs foram criadas para investigar desvios de verbas de governantes que têm o costume de embolsar o que é do povo e para o povo e essas CPIs geralmente acabam em pizza, mas na hora de comer a pizza nem se pode acender um cigarrinho!

Estamos esperando há tanto tempo pela reforma da previdência, a reformulação de leis que "pegaram" e que "não pegaram" e agora temos que engolir mais essa, engolir não, me desculpe caro leitor, "tragar" mais essa. O governo se preocupa tanto com os narizes dos não-fumantes mas se esquece que os carros com gasolina e álcool batizados com metanol provocam muito mais doenças que um cigarrinho. Esquecem que as fábricas e lixões continuam jogando lixo em nossos rios e há anos estudam propostas e leis para limpar de vez o Tietê, mas fumantes não temos.


Hipocrisia

Isso me lembra uma velha piada, o casal de ricaços estava à beira da falência e estavam discutindo como fazer para superar a crise. Teriam que cortar despesas, a mulher sugere que o marido dispense o motorista. O marido discorda, diz que seria melhor demitir a copeira. A mulher discorda. E assim se passa a discussão por horas. Acontece que tinham um papagaio, que toda manhã tomava uma xícara de chocolate e ao final de várias horas de acalorada discussão chegam a um consenso: para sair da crise o que deveriam fazer era cortar o chocolate do papagaio.

Temos tantos problemas no Brasil, mais especificamente em São Paulo, mas parece que o governo está mais interessado em patrulhar a vida privada de seus cidadãos, seus hábitos e vícios, ou talvez de criar polêmica e assim "aparecer". Não vejo nenhum benefício concreto em determinar locais para fumar, acredito que melhor faria nosso ilustre governador se estudasse uma lei que destinasse uma parte da verba arrecadada com a venda de cigarros (que vai quase toda para o cofre do governo) para incentivar a agricultura ou a educação, dando comida e estudo ao nosso povo, dando mais oportunidade de emprego e uma vida digna aos nossos cidadãos. Se fumam ou não e onde fumam, creio que isso é problema deles.


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