28 de jul. de 2011

Propaganda nas novelas

novela mershanEu nem sou fã de novelas, assisto uma ou outra porque o tema sugere algo interessante (que via de regra descamba para o lugar-comum) mas tem coisa mais chata do que propaganda em novela?

Eles até têm um nome bacana pra isso: merchandizing. Mas o que se pratica nas novelas brasileiras está longe de ser aquela propaganda velada, também usada nos filmes de Hollywood, onde aparece o rótulo da garrafa de cerveja, dão um close na marca do carro, etc. O que acontece nas novelas é algo que vai além, desde a inserção de um comercial deslavadamente explícito de máquina para cartão de crédito até o patrulhamento ideológico aberto e sem cerimônia.

O que se pratica hoje nas novelas brasileiras, longe de ser o discreto merchandising adotado pelos filmes americanos, é um intervalo comercial inserido sem o menor cuidado para que pelo menos pareça ser parte da trama. Surge do nada e fica mais que evidente que alguém está faturando os tubos pra nos vender uma ideia, aproveitando-se da audiência desavisada do horário nobre.

Já pensou o James Bond pular do alto de um edificio para o outro atrás do bandido, os dois juntarem as cabeças e com um pote de gel na mão, recitarem:

JAMES BOND: Só o gel Fixabem mantém o meu penteado assim, mesmo depois de saltar do 45º andar.

BANDIDO PERSEGUIDO: Use o gel Fixabem. Você pode perder a vida, mas nunca a elegância e o penteado impecável.

OS DOIS JUNTOS, EM CORO: Gel Fixabem, você encontra em todas as drogarias.

E aí os dois continuam correndo de novo, até que o James Bond pegue o bandido, que é o que a gente sabe que vai acontecer.

Nas novelas brasileiras as coisas acontecem assim, entra um comercial cortando a cena assim sem mais nem menos, sem  a menor preocupação de pelo menos “fazer de conta” que é uma continuação do que estávamos assistindo.

Exagero

Parece exagero, mas não é. Já estou cheia de ver, no meio de cenas que poderiam ser importantes, um dos personagens no computador, dizendo:

- Agora que recebemos todos os cartões posso ficar sossegado, só a “maquininha que não sei o nome” faz isso, e ainda por cima posso acessar todo o movimento do mês num clicar do mouse.

Fala sério! Botar a maquininha lá e os personagens a usarem enquanto vemos o nome da geringonça vá lá, mas ficar toda hora inserindo esse tipo de reclame ridículo que não tem nada a ver com a trama no meio da novela é simplesmente “disturbing”!

E as campanhas do governo?

- Você já levou o Fulaninho pra vacinar?

- Claro, todas as crianças de 0 a 5 anos precisam receber a vacina contra a … até o dia… no Posto de Saúde mais próximo de casa.

E depois, não adianta tentar enxertar comercial no meio da novela porque não vai melhorar! Os comerciais são a melhor parte da TV brasileira há décadas e até pra fazer comercial as novelas são – pra dizer o mínimo – sofríveis.

As novelas, que já são repetitivas e previsíveis, usam os mesmos clichês e chavões há décadas, agora inventaram um outro ingrediente para faturar mais (ainda!!!) e afugentar os que teimam em seguir suas tramas mirabolantes e inverossímeis. Estariam assinando sua sentença de morte?

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