23 de set. de 2008

Perguntas idiotas

Dizem que com a idade a gente vai ficando menos tolerante com a burrice alheia mas eu discordo, desde que me lembro nunca tive muita paciência com pessoas que não fazem uso da massa cinzenta que Deus lhes deu. A idade não tem nada a ver com isso, trata-se de tolerar a idiotice alheia - ou não.

Acho incrível como existem pessoas que ao invés de pensarem no que vão dizer vão logo abrindo a boca para soltar a primeira asneira que lhes vem na cabeça e deixam para pensar depois - se é que chegam a fazê-lo. Estou bem sossegada, cuidando da minha vida, já que se não o fizer ninguém mais o fará, ou pelo menos não do jeito que eu quero que seja feito. Então estou lá cuidando do que é da minha conta, e lá surge um espantalho para atazanar minha paciência.

Não que eu seja mal-humorada, mas há perguntas que caem muito mal, descem assim de atravessado pelo ouvido da gente e quando a gente vai ver já deu uma resposta mal-criada, exatamente do jeito que a pessoa merecia.

Estou numa fila enorme de banco pra trocar uma porcaria de um cheque e já estou questionando se aquela quantia miserável compensa mesmo todo aquele sacrifício, já cogito a idéia de rasgá-lo, jogar os pedacinhos na lixeira e zarpar dali, mas está quase na minha vez, vamos lá. O caixa que me atende é uma moça bonitinha, um sorrisinho solícito e ensaiado, daqueles que a gente prega na cara no começo do dia e só desgruda à noite e com o tempo vai se habituando a ele e acaba virando nossa segunda cara. Ela olha bem o cheque, analisa e confere e depois lasca:

- Vai levar em dinheiro?

Eu também tenho um sorrisinho simpático para essas ocasiões e respondo com toda a calma que Deus me deu e na maior cara-dura:

- Não, vou levar em clips e borrachinhas.

Ela pede desculpas com um sorriso amarelo, já quase cor de abóbora, dizendo que é a força do hábito. Eu sorrio também, compreensiva, pego minha mixaria e sumo dali.

Com a mixaria vou ao supermercado, disposta a torrá-la todinha em bolacha recheada e 200 gramas de mortadela. Claro, embarco no final de uma outra fila, essa por sorte nem chega aos pés da fila do banco em número de idiotas enfileirados verticalmente. Estou lá curtindo as maravilhas da fila do balcão de frios quando se aproxima um sujeito até bem arrumado, donde se supõe que bem-posto na vida e sério me pergunta:

- A senhora está na fila?

Já perdendo o meu mau-humor respondo à altura:

- Não, estou esperando o ônibus.

Ele se afasta resmungando e eu continuo esperando minha vez. Quando chega, faço ao atendente meu modesto pedido:

- Duzentos gramas de mortadela, por favor.

- Duzentas gramas de mortandela? - me corrige ele.

Digo que não, que "duzentas gramas" ele que coma ele mesmo, quero duzentos gramas de mortadela.

Já saio de lá irritada e quase bato na mocinha do caixa que está conversando com outra e me ignora quando chega a minha vez. Vou colocando as comprinhas no caixa, ela termina o papo com a colega, me olha como se eu tivesse descido de um foguete que acabara de chegar de Marte e pergunta:

- Essa compra é sua?

...

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8 comentários:

  1. OLÁ!!!
    MUITO BOM O TEXTO,ADORO PESSOAS DIRETAS,NÃO É QUESTÃO DE GROSSERIA,INFELIZMENTE HÁ PESSOAS QUE NOS TORNAM "MAU EDUCADAS".
    VOU CONTINUAR LENDO TUDO QUE VOCÊ REDIGE,ADORO GÊNIOS ASSIM,PARABÉNS...
    FRANWITCH

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  2. Olá, Fran!
    Temos que ser diretos, não acha? Fazer rodeios não leva a lugar nenhum. As coisas que precisam ser ditas não precisam de salamaleques de introdução.
    Obrigada e apareça sempre!

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  3. Amiga,é você que escreve nesse blog?
    Esse blog é seu?
    Risosss...!!!
    Realmente para uma pergunta idiota,vale uma resposta mais idiota ainda.
    Bjsss...milll

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  4. Verdade, pergunta idiota é o fim, não tenho paciência...

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  5. Procurei algum site ou blog com o assunto "Detesto Faustão" e não é que procurando,procurando cheguei no seu Blog e descobri outros "ódios".Gostei muuuuuuito!!! Realmente não lhe falta senso de humor mas seu nível de tolerância para bobagens é zero. Plenamente justificável. Conte com minha integral solidariedade, talvez não seja grandes coisa mas é uma vibração positiva em prol da nossa paz de espirito.Bjs.Ida

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  6. Olá, Idalina!
    Então vamos curtindo nossos pequenos ódios de cada dia, porque se a gente não extravasar não há tatu que aguente, não é mesmo?
    Um abraço.

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  7. Gostei muito daqui, estava precisando ler textos como esse, achava que era só eu que andava odiada de certas coisas da vida =)

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  8. Caí na gargalhada quando li esse texto e me identifiquei 100% com ele! É isso mesmo, como diziam naquele programa "pergunta idiota, tolerância zero!". Compartilho com você a mesma coisa, finalmente encontrei alguém que pensa como eu.

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