6 de abr. de 2008

Chame o ladrão

Vi na Revista da Semana uma matéria que me deixou indignada: a Secretaria Nacional de Direitos Humanos começou a distribuir 1 milhão de folhetos para ensinar os jovens DA PERIFERIA como agir em caso de serem abordados por policiais. Algumas das instruções:

  • Fique calmo e não corra.
  • Deixe suas mãos visíveis e não faça movimentos bruscos.
  • Não discuta com o policial nem toque nele.

O mais interessante é que essas são as mesmas recomendações da "cartilha" para o caso de você se encontrar com bandidos. Ou seja, como não dá pra ensinar os policiais a respeitar direitos humanos, o negócio é ensinar os jovens da periferia a agirem em caso de um encontro com a polícia.

Isso é o cúmulo, contra tudo que é certo, policial que não respeita direitos humanos é o cúmulo! Já fui ameaçada 2 vezes de ser presa por "desacato a autoridade" porque não me sujeitei ao que queriam que eu fizesse. Numa das vezes estava na padaria comprando leite quando policiais chegaram e mandaram "todos de cara pra parede" e é claro que eu não vou fazer isso.

De outra vez estava indo pra casa quando vi policiais tirarem um rapaz de um carro porque estava correndo e começarem a espancá-lo, parei e cruzei os braços, apreciando a cena. Eles me mandaram "circular" e eu disse que não, que ia ficar ali, assistindo aquilo, e que ia tirar fotos. Devem ter pensado que eu era louca, pararam de bater no rapaz e eu fiquei em pé ali, no meio da calçada até que o liberaram.

Acho que a sociedade é omissa nesse ponto, quando estão batendo em alguém na rua devia juntar gente, milhares de testemunhas de celular em punho, filmando tudo. Os covardes que não querem se envolver são coniventes com esse tipo de abuso, somos em número maior e portanto mais fortes. Nós, os trabalhadores, pagamos o salário dos policiais e eles são pagos para nos proteger. Se temos medo deles alguma coisa está totalmente errada.

A covardia da sociedade permite que se alastre a violência e o abuso de autoridade, se cada um de nós se erguer contra isso, contra a discriminação contra os "da periferia", tenho certeza de que a coisa vai mudar.

(zailda mendes)

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