Escrevo muito em inglês e espanhol e quando me aventuro no bom e velho português às vezes me assaltam dúvidas cruéis: excessão? exceção??? Mas pior que ter algumas dúvidas é não ter dúvida nenhuma.
Outro dia me entra no msn um rapaz com um papo mais ou menos assim: "Olá garota! Com liçensa. Faiz tempo que quero coverçar mais voçê tá sempre off." A variante abominável do idioma pátrio começa a me empolar toda, mas resisto bravamente. Ele prossegue, no entanto: "E aí, quer converçar?" Eu não queria, preferi ler um livro, acompanhado de uma dose cavalar de anti-alérgico, sorvido aos goles.
Passo por uma loja que avisa: "fexado para almoso", mas sempre atravesso a rua e dou uma de distraída, olhando pra outro lado, envergonhada com aquilo.
Costumo comer numa lanchonete onde servem "fest food", mas nunca me atrevi a pedir, prefiro um prosaico "x-salada", e o rapaz que gentilmente me atende sempre me pergunta se vou querer meu "x-salada" com queijo ou sem queijo.
Num país de semi-analfabetos eu frequentemente fico confusa, mas aparentemente as outras pessoas parecem não dar pela coisa. Passei hoje em frente a uma barraca onde vendiam "cocô gelado" (eca!!!) e o rapaz me oferece, solícito: "Vai um aí, moça?" Declino educadamente: "Hoje não, obrigada." Por via das dúvidas, troco disfarçadamente de calçada.
(escrito por Zailda Mendes)
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