26 de jan. de 2008

Que os diabos levem as mocinhas das novelas

Eu não assisto novela (graças a Deus!) mas já andei acompanhando muitas, antes de desistir de gostar delas.

O que me chamava a atenção era a luta entre os vilões e os mocinhos, uma luta desigual, que prendia nossa atenção do começo ao fim do desenrolar (?) da trama.

A mocinha é sempre aquele ser suspirante e soluçante que se debate em seus eternos conflitos morais, que não sabe se assume a paixão pelo mocinho ou se cuida da tia doente.

Sua insegurança faz com que veja todos os defeitos no mocinho (um mulherengo, irresponsável, etc) e não enxergue as notórias deturpações de caráter da maligna rival, a vilã.

O que diferencia a vilã da mocinha é que a vilã sabe o que quer e luta com todas as armas, enquanto a mocinha chora e dá ouvidos a todo tipo de fofoca absurda, ela se atira nos braços do mocinho, quase esfregando sua sensualidade em sua cara. Frequentemente ele é seduzido por ela, engravidando-a e ela se aproveita pra transformar sua vida num inferno.

A mocinha, ser sem forças morais nem físicas, faz tres coisas, fundamentalmente: 1) chora; 2) desmaia; 3) sucumbe às chantagens sentimentais da família. A sorte é que tem sempre uma amiga, muito mais esperta que ela, que a impulsiona pra brigar com a rival.

O mocinho, outro fraco de caráter, acaba escolhendo a mocinha por ser mais prático. Não é suficientemente seguro de si pra encarar uma mulher muito mais esperta que ele, e enquanto sua queridinha cai pela milésima vez nas armadilhas da inimiga (uma burra, essa mocinha!) ele se debate entre a fragilidade de sua amada e a exuberância da vilã.

Pra mim que a vilã é muito mais interessante, mulher com seus conflitos internos resolvidos, em paz com sua sexualidade, que batalha pelo que quer. A mocinha é toda dúvidas, toda insegurança, toda ingenuidade. Ingenuidade tanta que beira à burrice, que chega a dar raiva.

Protesto, pra mim que pelo menos uma vez o mais forte tinha que vencer, pra mim é um preconceito bobo o "bem" vencer sempre. Por que só os fracos podem chegar lá? Sem luta, sem mérito, sem qualidades morais pra isso?

Ah, eu levanto minha bandeira em defesa dos fortes e opressores. Os fracos e oprimidos que se danem, que aprendam a lutar! Chega de heroínas fracas, chorosas, crédulas! Que elas sejam daqui pra frente inteligentes, sensuais, decididas, que saibam o que querem, pelo amor de Deus! Que parem de sucumbir às armações das vilãs e que não se deixem levar pelas fofocas das mal-amadas!

Que sejam mais parecidas com as mulheres reais, as batalhadoras, que tenhamos um mínimo de pontos comuns, algo que nos identifique com elas, que as faça mais reais e próximas de nós.

(escrito por Zailda Mendes)

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