11 de mar. de 2008

Introdução aos mistérios da culinária

Entro na minúscula cozinha disposta a aventurar-me pelos intrincados e obscuros caminhos da culinária. O estômago encosta nas costelas, rangendo de fome. Nada pronto na geladeira. Abro o armário e escolho uma dessas repugnantes sopas instantâneas, tipo Minojo. No pacote dizem que é rápido e fácil de preparar. Leio atentamente as instruções do pacote, releio e vou executando. Dois copos de água fria numa panela, depois despejo o conteúdo do envelope na água da panela. Faço exatamente o que reza a bula da droga instantânea, mas dentro da panela cai junto com o macarrão em placa um pacotinho prateado, que lembro então, contém o tempero pra sopa. A água está quase fervendo, o saquinho encostado na panela começa a derreter. Pego um garfo e tento pescá-lo de dentro da panela. O vapor da água borbulhante me queima o dedo.

- Merda! - praguejo.

Depois de alguns minutos de arriscadas manobras com o garfo, evitando o vapor quente, finalmente resgato o envelope e num golpe atiro-o pra cima... ele cai diretamente no peito do meu pé.

- Bosta! - me irrito.

Com um chute jogo-o longe, cai em cima da pia e, derretendo, começa a espalhar seu conteúdo nojento na pia limpinha. Com um pano de prato, cuidadosamente, evitando novos acidentes, pego-o e, antes que esboce alguma reação contrária, jogo-o dentro do baldinho de lixo da pia, tampando-o em seguida... nunca se sabe!

Enquanto estou nessas manobras arriscadas, a água da panela vai secando, então quando me viro, satisfeita por ter me livrado do perigoso pacotinho, dou com uma fumaça branca que sobe da panela. Rápidamente encho um copo dágua e jogo na panela, que emite um ruído forte e dela sobe duas vezes mais fumaça que antes. Assustada, tiro a panela do fogo, provocando alguns respingos de água no braço. Minha reação instantânea é jogar a panela com minojo queimado e água fervente na pia.

Depois contemplo, consternada, a bagunça na pia e na cozinha, que mais parece o cenário de uma guerra que propriamente uma cozinha. Panos de prato, garfos, macarrão queimado.

Infelizmente, nada comestí­vel.

- Desisto, que merda! - vocifero.

Retiro-me da cozinha derrotada, faminta, disposta a comprar um livro de culinária no dia seguinte.

(Escrito por Zailda Mendes)

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